ALEXANDRE INACIO E BETH MOREIRA
A Gol Linhas Aéreas encerrou o quarto trimestre de 2008 com um prejuízo líquido de R$ 687,062 milhões, de acordo com balanço divulgado na madrugada deste sábado. O resultado é 105 vezes pior do que o registrado no mesmo período de 2007, quando o prejuízo da empresa foi de R$ 6,49 milhões. Com o balanço do último trimestre do ano passado, a Gol encerrou 2008 com um prejuízo líquido acumulado de R$ 1,386 bilhão, depois de ter registrado um lucro líquido de R$ 272,261 milhões no ano anterior. Os números são consolidados e seguem as Normas Internacionais de Contabilidade (padrão contábil IFRS, na sigla em inglês).
O principal motivo para o resultado negativo, tanto no quarto trimestre quanto no acumulado do ano passado, foi o efeito negativo que a desvalorização cambial teve sobre os ativos da empresa. Outro setor atingido foram as dívidas em moedas estrangeiras, que tiveram crescimento diante da desvalorização do real. O resultado financeiro da
empresa representou despesas de R$ 700,59 milhões no quarto trimestre e de R$ 1,1 bilhão em todo o ano passado.
Apenas com a variação cambial, a Gol teve uma perda de R$ 501,93 milhões nos três últimos meses do ano passado, depois de ter registrado uma receita de R$ 56,6 milhões no mesmo período de 2007. Diante desse resultado, a empresa acumulou ao longo de 2008 perdas de R$ 757,52 milhões devido apenas às oscilações do câmbio.
As despesas com juros aumentaram de R$ 57,8 milhões no quarto trimestre de 2007 para R$ 90,5 milhões no último trimestre de 2008, devido, principalmente, ao aumento de empréstimos e financiamentos. Já a receita financeira diminuiu R$ 64,1 milhões em virtude do menor volume de caixa e aplicações financeiras em relação ao mesmo período do ano passado e ajustes na classificação de ganhos de operações de hedge. As outras despesas financeiras atingiram R$ 114,1 milhões, ante R$ 24,8 milhões do quatro trimestre do ano anterior, devido principalmente a despesa financeira de hedge de combustível e dólar no valor de R$ 112,1 milhões.
Na terça-feira passada, em participação no Fórum Panrotas - Tendências do Turismo 2009, o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, afirmou que 2009 será um ano difícil para a companhia. Segundo o executivo, será difícil fechar as contas, uma vez que a programação de investimentos de encomendas de aviões é feita com antecedência e dificilmente podem ser canceladas por conta da mudança de cenário da economia.
Segundo o executivo, a previsão inicial da empresa era de crescimento de 6% na demanda doméstica em 2009. Ele ressaltou, no entanto, que a previsão foi feita em um momento que a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro era muito maior do que a atual. "A economia tem variado de maneira muito intensa", disse. A Gol programa encerrar 2009 com 108 aeronaves, ante as 104 mantidas atualmente.
Publicado em: 21 de março de 2009, 12h19
Alterado em: 21 de março de 2009, 12h19
Prejuízo líquido da Gol atinge R$ 687 mi no 4º trimestre
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